“...Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em
memória de mim.” 1
Jesus, o Messias.
NO BANQUETE CELEBRADO POR JESUS, depois que o alimento foi comido junto com as diferenças – da mesma
forma que no dízimo do pobre –, o pão e o vinho foram servidos como lembrança
do pacto entre Deus e Abraão, na figura do Justo rei de Salém. Nesse
momento sagrado em que a morte do primogênito da raça humana estava sendo
anunciada, Jesus igualou sua Igreja aos filhos de Abraão. Enquanto todos nós –
Filhos e Igreja – esperamos o Messias, precisamos continuar praticando a tzedakah,
os atos de Justiça, a Misericórdia. Precisamos continuar plantando a semente do
Reino do Céu: o amor ao próximo, a tolerância com o “outro”, a misericórdia.
Se assim fizermos seremos conhecidos como filhos de Deus 2.
É na Ceia do Senhor, que os salvos têm a oportunidade de mostrar sua
Justiça aos necessitados. Dividir o alimento e o que somos com os que precisam
de nós, nos faz realmente salvos. No momento em que celebramos nossa salvação
com pão e vinho, juntamente com quem precisa ser salvo, estamos retribuindo
nosso dízimo a Deus. Foi isso que Jesus fez ao partir o pão; mostrou aos seus
alunos que eles deveriam repartir o pão recebido, com quem não era igual a
eles. Jesus se parte e nós o repartimos junto conosco. Repartimos o Jesus que
está em nós quando nos repartimos com os outros. Celebrar a Ceia do Senhor
é exatamente isso, repartir o que somos com quem ainda não é. Celebrar a Ceia
do Senhor é antes de tudo celebrar a Ceia com o Senhor. Se recebemos
de Graça, de Graça temos de dar; sem ritos, sem regras religiosas, sem banhos
cerimoniais, sem nada que aprisione, sem nada que impeça a comunhão. O ser
humano necessita de ritos, de crenças, de cerimônias, isso não é mal, porém,
essas manifestações não podem determinar quem participa ou não, da Ceia com
o Senhor. A Ceia do Senhor é nosso abraço santo, é nossa transformação
intelectual, é nossa celebração de perdão, é nosso dízimo a Deus por sua
Misericórdia nos acordar todas as manhãs.
Quando repartimos o pão com aqueles que estão conosco nesse banquete de
Graça, temos de beber o vinho da morte. A morte representada pelo sangue que se
derramou em favor de muitos 3, está profetizada na primeira palavra
do primeiro livro do Tanak. Em hebraico essa palavra é Bereshit
4 e quer dizer: “com o cabeça na estaca...” (...), o Criador fez
tudo. Essa morte profetizada na primeira palavra do Gênesis reverbera
eternamente como ele é Eterno – Bendito seja Ele –, enquanto nos reunirmos para
beber do vinho que tem a intenção de matar nossas diferenças. Quando nos
partimos em pedaços de pão, repartimos o Messias que está dentro de nós. Esse
despedaçar provoca um sangramento coletivo; sangue misturado com sangue. Esse
sangue deve ser servido e sorvido por todos os celebrantes para que as feridas
deixem de ferir, e a vida se estabeleça em paz. Quando nos dividimos com
aqueles que precisam de nós, estamos praticando o dízimo na forma mais pura e
divina que existe. Estamos sendo agentes de salvação.
Dízimo é família; família passa por tragédia; tragédia gera bênção;
bênção é salvação completa 5; essa salvação proporciona um banquete;
nesse banquete o Messias está presente; sua presença se reparte no dividirmos o
pão e o vinho; essa divisão que nos reúne é o dízimo.
***
Notas – A Ceia com o Senhor é para todos.
1. I Coríntios 11.24.
2. Mateus 5:44.
3. Lucas 22:20.
4. Bereshit: Be+RôSH+IT – Be, proposição
“com, por, em”; RôSH, “cabeça”, “líder”, “principal”, “primeiro”; IT,
raiz de IaTD, que no hebraico é “estaca”, “madeiro”.
5. Salvação física, pelo alimento, pela roupa, etc.; salvação emocional,
pelo afeto, carinho, respeito; salvação intelectual, pelo ensino proporcionado;
salvação espiritual, por crer no Messias e nesta salvação completa.
Abreviações
BACF -
Bíblia Almeida Corrigida e Fiel; BJC - Bíblia Judaica Completa; BH
- Bíblia Hebraica; BNVI - Bíblia Nova Versão Internacional; ES -
Escrituras Sagradas; BEP - Bíblia Edição Pastoral.
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