“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino do Céu,
mas apenas quem faz o que meu Pai celestial deseja. Naquele dia, muitos me
dirão: ‘Senhor, Senhor! Não profetizamos em seu nome? Em seu nome não
expulsamos demônios? Não realizamos muitos milagres em seu nome?’. Então eu
lhes direi na cara: ‘Nunca os conheci! Afastem-se de mim, praticantes do que é
contra a lei!’. Portanto, quem ouve estas minhas palavras e age baseado nelas
será como o homem sensato que construiu sua casa sobre a rocha firme. Choveu,
os rios transbordaram, sopraram ventos contra a casa, mas ela não caiu, porque
sua fundação estava na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não age
baseado nelas será como o insensato que construiu sua casa sobre a areia.
Choveu, os rios transbordaram, o vento soprou contra a casa, e ela caiu — e sua
queda foi terrível!”. 1
Jesus, o Messias.
TODOS OS TEMAS DA RELIGIOSIDADE ocidental tem sua origem na Cultura e na Religiosidade Judaica. Os
textos que sacralizamos são de origem judaica. Antigo e Novo Testamento, são a
base de tudo que acreditamos como religiosos. Durante séculos nossas condutas
estão pautadas nos ensinos contidos nessas duas coleções de Livros, mas há um
problema, todos eles são interpretados à luz de um ocidente já religioso, e por
conta disso, todos os conceitos originais são distorcidos para se adequarem a
uma visão religiosa pré-existente no ocidente, o que provocou sincretismos
difíceis ou até impossíveis de serem percebidos. Por outro lado a Cultura
Judaica possui a diretriz Religiosa de proteger os ensinos contidos em seus
Livros Sagrados, principalmente os contidos na Torah 2, que é
conhecida por nós como o “Pentateuco”, ou os cinco Livros escritos por
Moisés. Acredito que essa proteção promove o desconhecimento das verdadeiras
intenções do Deus Superior para a raça humana, alimentando a ignorância de um
ocidente cada vez mais religioso e menos espiritualizado.
Na literatura judaica liberada para o ocidente, existem, para aqueles que
sabem o que procuram as informações necessárias, em medida suficiente, para uma
mudança radical na forma de praticar a Espiritualidade predita nas Santas
Escrituras. Buscar nessa literatura as referências para apoiar este texto sobre
o dízimo, não significa menosprezar os textos ocidentais, que tratam do tema em
questão. Quando escolhi a literatura judaica para obter as informações
necessárias, o fiz por entender que nela se encontram os fatos primordiais, que
geraram os verdadeiros conceitos quanto ao dízimo. Além do mais, toda a
literatura ocidental que trata sobre o tema, o observa com lentes religiosas
limitadas, sem profundidade de campo; chegam somente a um ponto no tempo e no
espaço, quando muito até encontram a fonte da informação, mas pela incapacidade
de leitura ou de tradução adequadas, não entendem o que está escrito, da forma
que é escrito, para que e para quem foi escrito. Isso muda tudo.
A complexidade sagrada decorrente da pluralidade do Judaísmo estabelece
um limite natural para todos àqueles que não são Judeus. Nesse ponto os limpos
de coração, sentem-se comendo “as migalhas que caem da mesa dos filhos”.
3 Reconhecer essa limitação provoca reverência pelo Povo que possui uma
escrita Divina. Aqueles que não nasceram Judeus, não sabem o que é ser um Judeu
em toda a sua simples complexidade.
O presente texto não tem a intenção de demolir o que já está construído
sobre a areia, pretende somente apontar para o desmoronamento inevitável. O
ensino final de Jesus no “Sermão do Monte” 4, alerta para a
diferença entre os que falam, cantam e recitam a religiosidade, fazendo até o
que julgam ser importante para uma boa relação com o Eterno, e os que fazem o
que diz a Lei Eterna. Mas a diferença entre falar e fazer milagres e realizar o
desejo de Deus nunca foi para mim esclarecida. A religião me ensinou que fazer
o desejo de Deus era decorar o conteúdo de livros e versículos bíblicos, além,
claro, da obediência a uma rígida cartilha de regras. O executar de milagres e
a falação propagante do evangelho atual, prática condenada por Jesus no
texto de Mateus, me valeu como regra de conduta, desde os meus tempos de
criança. A diferença não havia sido esclarecida para, mim até agora. Ela é
simples, clara e verdadeira. Tão simples que muitos não dão a menor importância;
tão clara que cega aos ávidos pelo poder dos milagres; tão verdadeira que
liberta para sempre.
A verdade sobre o dízimo é que ele não tem nada a ver com a panaceia
religiosa que graça em meio a tanta desgraça na sociedade contemporânea. A
verdade sobre o dízimo, é que ele serve ao que a Lei Divina determina que seja
feito 5. O dízimo serve para a realização do desejo de Deus.
Mas não pense que você irá encontrar aqui, um manual ou um texto
religioso que reforce o estelionato, ou a forma desonesta e preguiçosa de ser
sustentado; não irá. Este texto não é religioso. É espiritual. Ele tem o
objetivo de jogar o pouco de luz sobre um tema aparentemente tão obscuro, que é
o dízimo.
Na busca por certezas encontrei verdades. Na busca por definições quanto
à prática de dar o dízimo, encontrei a verdade insofismável do dito messiânico
de Jesus: “Buscai primeiro o Reino do Céu e a Sua Justiça, e todo o restante
lhe será acrescentado.” 6
***
Notas – Introdução.
1. Mateus 7:21 a 27 – BJC, Editora Vida, 2010.
2. Ética dos Pais 1:1 – Sidur Completo com tradução e transliteração. Jairo
Fridlin. Editora Sêfer, 1997. p.422
3. Marcos 7:28.
4. Mateus, capítulos de 5 a 7.
5. Tiago 1:27.
6. Tradução livre do texto em hebraico de Mateus 6:33, feita pelo autor.
Abreviações
BACF - Bíblia Almeida Corrigida e Fiel; BJC
- Bíblia Judaica Completa; BH - Bíblia Hebraica; BNVI - Bíblia
Nova Versão Internacional; ES - Escrituras Sagradas; BEP - Bíblia
Edição Pastoral.
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