“Mas, quando tu deres tzedakah, não saiba a tua mão esquerda o que faz a
tua direita;” 1
Jesus, o Messias.
PARA O AJUNTAMENTO DE JUSTOS chamado Igreja, Jesus aplicou as mesmas regras fundamentais de
convivência familiar que ele aprendera na prática do Judaísmo. Jesus era Judeu
e não fugiu desse fato, ele aprendeu como ser um bom Judeu, ele aprendeu com
sua família como ser família; então seu movimento de Justos teria de incorporar
os mesmos valores familiares.
Ao longo do tempo, a religião distorceu e negou a verdade, propagando sua
certeza sobre o dízimo, como sendo o ato de contribuir financeiramente para a “expansão
da obra de Deus” 2. Para os mercadores de dízimos, “expandir
a obra de Deus” é espalhar seus templos por todos os cantos do mundo,
aumentar suas posses, sustentar o luxo e a ostentação egótica das
cerimônias vazias de Deus e cheias de si mesmos. Para esses lobos, “expandir
a obra de Deus” é a celebração do culto ao ídolo de ouro, tenha ele a forma
que tiver. Para esses profetas de Mamon, “expandir a obra de Deus” não
passa nem perto da verdadeira intenção do Deus Superior quanto ao dízimo.
Na verdade o dízimo não serve para “expandir a obra de Deus”, ele
serve para cuidar da Obra de Deus. E a Obra de Deus é a criação, onde o ser
humano é a coroa. A obra de Deus, para a qual o dízimo serve é o cuidado de
pessoas e famílias necessitadas. Dízimo é para o socorro dos pobres
necessitados e suas famílias. Ao contrário dessa máxima, os religiosos “roubam
as casas das viúvas” 3 ao invés de abastecê-las.
Quando Jesus criticou a prática dos religiosos de sua época, que estavam
mais preocupados em receber que em dar, profetizou que toda religião sem
ajuntamento com Deus agiria sempre da mesma forma pagã. Igreja sem ajuntamento
com Deus é satanismo. É celebração satânica porque impede a realização dos atos
de misericórdia que a retribuição do dízimo preconiza tão gravemente. O ato
louvável de retribuir as bênçãos recebidas, ajudando aos necessitados nunca
será característica da religião nem de religiosos e nem de caridosos.
Os caridosos estão na mídia. Para eles todo ato de caridade precisa ser
propalado, precisa virar campanha publicitária, precisa ser “vendido”
como ato divino. Entendo que o mais hediondo nesses festejos profanos é a
exposição do “pobre coitado” que recebe a “ajuda”. Esses
caridosos têm um prazer mórbido em identificar um necessitado e jogá-lo no
inferno da “pobreza eterna”. Mesmo que um dia ele deixe de ser um
necessitado, sempre haverá uma imagem gravada, daquele momento de necessidade,
pois em um piscar de olhos seu status estará exposto nas redes sociais.
Jesus alertou ao seu grupo de alunos que esse tipo de comportamento não
era para os Justos. Aos Justos cabe somente dar sem contar para ninguém o que
foi dado, quanto foi dado, e principalmente para quem foi dado. O Justo, salva
o necessitado não somente de seu estado de necessidade, mas também da exposição
de seu estado de penúria. Que a “mão” esquerda não saiba do ato de
justiça que a “mão” direita realizou é salvação no seu sentido mais
profundo. Isso também se aplica a quem recebe. Salvar a identidade do salvador
é receber em secreto a salvação de Deus.
Jesus sempre alertou de forma severa aos que eram agraciados por seus
milagres, que eles fossem mantidos em segredo. Quando mantemos os milagres que
nos salvam em segredo, nós os transformamos em pérolas, em tesouros preciosos
que nos proporcionam vida. Por sua vez, alardeá-los aos quatro cantos é
jogá-los aos porcos, que nos perseguirão e nos matarão 4. Dízimo
também é salvar em secreto e ser salvo em secreto.
***
Notas – Protegendo meu irmão dele mesmo.
1. Mateus 6:340 – BJC, Editora vida, 2010.
2. Termo cunhado para incentivar as contribuições financeiras nas igrejas
protestantes, como no exemplo encontrado em:
http://admadureirasbs.blogspot.com.br/2013/03/mais-uma-igreja-construida-sapucai.html.
3. Mateus 23:10; Marcos 12:40; Lucas 20:47.
4. Mateus 7:6.
Abreviações
BACF -
Bíblia Almeida Corrigida e Fiel; BJC - Bíblia Judaica Completa; BH
- Bíblia Hebraica; BNVI - Bíblia Nova Versão Internacional; ES -
Escrituras Sagradas; BEP - Bíblia Edição Pastoral.
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